domingo, 22 de fevereiro de 2009

Desafios hormonais

Terapia de reposição hormonal, a famosa TRH é seara de gênios. O processo de envelhecimento leva a queda nos hormonios esteroidais sexuais que, segundo os trabalhos inicia pela adrenopausa, ou seja, a produção de esteroides sexuais na adrenal começa a diminuir primeiro, levando a lenta queda de produção de DHEA. O DHEA dará origem em alguns tecidos alvo a androstenediona, testosterona, estradiol, estrona e estriol, via enzimas locais. Bem, começa primeiro mas é mais lenta, depois de vários anos, a produção gonadal, testículos e ovários começa a decair, mas a queda é mais abrupta, levando a diminuição brusca em tecidos alvo. Daí realmente começam a aparecer os sintomas da menopausa ou andropausa, que iniciaram há vários anos com a adrenopausa, porém em tecidos alvos. A menopausa e andropausa tem como alvos tecidos mais nobres, como o sistema nervoso central e circulatório. Estima-se que na mulher pré-menopausa, 70% dos estrogenos periféricos não vem do ovário e sim da adrenal com ação da aromatase na testosterona e androstenediona produzidos a partir do DHEA formando estradiol e estrona, respectivamente. Há também que se considerar que a maior fonte de estradiol para articulações e ossos é a testosterona, que provavelmente vem do DHEA e não a testosterona produzida no testiculo ou ovário. Na mulher pós-menopausa, estima-se que 90% do estrógeno periférico vem da testosterona e consequentemente do DHEA. Então a reposição hormonal deve ter duas faces para atuar, a reposição dos produzidos no ovário e os produzidos na adrenal, porém há enzimas que metabolizam estes hormonios em outros hormonios, testosterona a estradiol e a diidrotestosterona, androstenediona a estrona. Aromatase P450 e 5-alfa redutase são enzimas localizadas que devem ser manipuladas quando desejamos fazer uma TRH correta. Vou além, há estudos mostrando que a aromatase cerebral é importante no equilibrio de neuroesteróides. Estudos indicam que homens orquiectomizados tem maior sensibilidade a neurotoxinas e isso seria devido a menor produção de estradiol no cérebro. Sim, o estradiol é produzido no cérebro via testosterona e via DHEA e este estradiol tem seus efeitos neuroprotetores. Assim como a progesterona também, no cérebro dará origem a alopregnanolona que tem efeito calmante, abrindo canais de GABA. Vou além, desejo sexual é dependente da diidrotestosterona, que pode é produzida pelo efeito da 5-alfa redutase na testosterona, possivelmente no cérebro e daí temos uma necessidade local, controlada localmente. Vou mais além, o estradiol produzido no tecido genital feminino leva a melhor sensibilização e circulação sanguineas associadas a relação sexual, estudos indicam que há um aumento de produção de óxido nitrico no tecido vaginal durante o ato sexual, que pode ser dependente do estradiol. A mulher funcionaria sexualmente bem produzidno diidrotestosterona no cérebro e estradiol na genitália. Complicado? não cheguei nem na metade. Peguem o SHBG, que aumenta com o nivel de estradiol, mas diminui com o nivel de testosterona. Bem, quanto mais SHBG, menor o nivel de hormonio para atuar no tecido... mas peraí, testosterona pode se transformar em estradiol. Se eu dou testosterona eu posso baixar SHBG,mas se eu fizer estradiol eu posso aumentar SHBG, diminuindo o efeito da testosterona e do próprio estradiol. Daí se eu formar pouco estradiol e a testosterona ficar como testosterona, eu baixo SHBG, daí eu aumento o efeito da testosterona mais ainda... Bem, é complicado, tem ainda o nivel de estradiol aumentado no cérebro que é benéfico a depressão, mulheres com distúrbios psiquiátricos como depressão podem se beneficiar da reposição de estradiol para auxiliar o tratamento, porém a progesterona administrada concomitantemente prejudicará a evolução do tratamento. É sempre assim, o equilibrio é importante. Há profissionais no mercado que se julgam papas em TRH, mas suas prescrições mostram apenas ignorancia. Além disso, não temos tempo suficiente de estudos com TRH com hormonios como estradiol, progesterona e testosterona para termos segurança para fazer, há apenas indicação que seria menos problemático, mas vejam os estudos onde se mostra que, se iniciarmos TRH tardiamente em mulheres, a presença de placas ateroscleróticas seria trágico, o estradiol levaria a descolamento desta placa. Daí teremos uma prevalencia maior de acidentes vasculares mesmo com estradiol. Bem, no final das contas fica a lição, TRH deve ser iniciada na peri-menopausa, porém a definição de menopausa só pode ser estabelecida 1 ano após a parada das menstruações (segundo a OMS). Um ano é suficiente para instalar umas placas que podem ser descoladas pelo estradiol? esta pergunta e outras tantas terão que ser respondidas.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Temperos ainda.

Bem, completando os temperos.
Pimenta negra - capsinoides presentes em pimenta negra tem demonstrado alto efeito termogenico. No ultimo estudo, 6mg de capsinoides extraídos em hexano mostrou inclusive perda de peso. Se olharmos pelo lado da piperina que inibe metabolismo e melhora a disponibilidade de alguns produtos, o maior afetado é a curcumina, da Curcuma longa. Existem estudos em betacaroteno e coenzima Q10, mas...
Coentro - os frutos do coentro mostram atividades várias, dentre as quais, diurético e anti-hipertensivo. Frutos do coentro, Coriander sativum.
Só completando...

Sinergia, antagonismo. Armas

Falarei em curso próximo sobre a sinergica entre fármacos e suplementos. Gosto deste tema porque podemos fazer muito mais pelo paciente quando usamos todas as armas disponiveis. Na farmacologia fazemos assim. Como exemplo, um individuo com hipertensão essencial primeiro é tratado com dieta restritiva de sal. Penso que logo após deveria vir o suplemento de magnésio e potássio. Mas vem um diurético, que espolia potassio e magnésio (pelo menos os mais usados). Mas há alternativas, no diabético a primeira escolha é um inibidor da enzima conversora de angiotensina. Creio que num paciente com esquizofrenia seria um bloqueador de canal de cálcio. Num paciente com enxaqueca recidivante eu escolheria um beta-bloqueador, ou num paciente com depressão um beta-bloqueador como o pindolol tem demonstrado melhorar o tratamento antidepressivo. Mas isso é coisa complicada para outros dias. Bem, voltando ao hipertenso lá de cima, diurético tiazídico, inibidor da ECA, beta-bloqueador, bloqueador de canal de cálcio, antagonista de receptor de angiotensina e por aí vai. Todos estes elementos podem ser sinérgicos se atuarem em diferentes alvos farmacológicos, daí podemos somar doses menores de todos eles e obter um resultado bom, só que com doses menores de cada um individualmente, teríamos menor risco de efeitos adversos. Mas voltemos ao nosso hipertenso lá de cima novamente. Dieta restritiva de sal, potássio e magnésio. Não deu certo, diurético. Mas o diurético com dieta restritiva de sal, em estudos mais recentes tem demonstrado parecer não ser tão seguro assim, há estudos sugerindo que no uso de diurético, a dieta restritiva de sal poderia ter riscos a saúde. Mas voltando, potássio, magnésio. Talvez cálcio, porém para o cálcio ter efeito antihipertensivo tem que ser sem vitamina D. Mas temos o inibidor da ECA, que age via produção de óxido nitrico no endotélio, não apenas ele, o antagonista de receptor de angiotensina II também faz isso, então produzir óxido nitrico é bom quando entramos com uma terapia antihipertensiva com inibidor da ECA e daí arginina é interessante, mas como cofator, o ácido fólico e se o individuo for fumante, antioxidantes. Alguns polifenóis estimulam produção de óxido nitrico, poderiam ser úteis antes de um inibidor da ECA, como flavonóis da oliva e do cacau. Se dados juntos com o inibidor da ECA eu acredito que o efeito não será tanto, a não ser na presença de tensão oxidativa, daí o seu efeito antioxidante inibirá a reação entre óxido nitrico e radical superóxido, diminuindo a formação de peroxinitrito, daí eu teria um efeito antihipertensivo total ou máximizado. Tem mais e mais. Mas não para hoje, para depois...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Convencimento

Bom dia. Fui convencido esta semana. Eu sempre protelei em escrever algo. Vou escrever dois livros, um sobre suplementos e farmacologia. O que é óbvio para mim, é o que eu mais domino. O outro sobre metais tóxicos, algo mais para leigos. Vejo o mundo caminhar para um lado que eu não gosto muito. Mas é só isso hoje.