quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Cálcio
Hoje vou contar uma história que há um tempo eu venho defendendo. Sempre soubemos que o melhor momento para se suplementar ou induzir o indivíduo a ingerir cálcio por conta de perda de densidade mineral óssea é durante a fase de crescimento. Recentemente comecei a acreditar muito nisso, há mais ou menos 10 anos, li alguns artigos muito bons de cálcio e pré-eclampsia, prevenindo a pré-eclampsia em mulheres grávidas de risco, este trabalho foi feito no Irã. As mulheres tiveram uma prevalencia menor, em torno de 5 vezes menos pré-eclampsia, e um fato que me chamou a atenção, mais que o efeito em si do cálcio foi que as crianças no grupo suplementado nasceram com uma média de 500g a mais de cálcio. A pergunta é, o cálcio induziu crescimento? Ou as crianças no grupo não suplementado não cresceram porque a deficiencia de cálcio foi um limitante. Talvez os dois. O cálcio, sem vitamina D tem sido associado a menor pressão arterial, talvez seja este o efeito em pré-eclampsia, mas a pressão mais baixa pode estar associda a dilatação das artérias, o que poderia ser associado a irrigação placentária otimizada, mais nutrientes, mais crescimento. Mas um trabalho em jovens há mais ou menos dois anos, novamente me chamou a atenção, os jovens, suplementados acima da dieta com 1,2g de cálcio em rapazes e 300mg de cálcio em garotas, em ambos grupos a densidade mineral óssea foi maior. Porém os garotos cresceram mais. As garotas tiveram crescimento maior, mas a massa magra aumentou e também o IGF-1. O que pode ser associado ao resultado acima em crianças maiores em mulheres suplementadas, pois muitas mulheres com risco de pré-eclampsia eram primigrávidas, o que poderia ligar o raciocínio em ambos trabalhos. Mas o que me chama atenção este ano é o risco de suplementar cálcio em pacientes idosos, uma prevalencia maior de demencia e de acidente vascular e doença cardíaca nos suplementados. Principalmente mulheres. Ora, mulheres pós-menopausa sem terapia de reposição hormonal tem uma tendencia maior a ter placas ateromatosas, o aumento súbito do cálcio como suplemento vai aumentar o risco de calcificação dos ateromas nas artérias, daí a demencia, que seria isquemica e o acidente vascular. Eu pergunto, como seria se as pacientes usassem hormonio e cálcio? O hormonio protegeria os vasos do ateroma e o cálcio não teria tanto efeito assim, tipo deletério. Então a conclusão de reposição de cálcio é, repor enquanto o paciente está crescendo, crianças, pré-adolescentes, adolescentes e na minha opinião pessoal, nas mulheres enquanto produzindo hormonios sexuais. Depois da menopausa, há risco aumentado, porém devemos avaliar o risco e o benefício do suplemento.
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