segunda-feira, 27 de abril de 2009

Minerais

Hoje em dia eu sempre abro minhas aulas com duas transparencias das revistas da área agronomica ou alimentos e agricultura. Duas transparencias falando sobre a composição mineral de grãos e cultivares. Hoje eu posso abrir a aula com informações mais assustadoras que fariam os nutricionistas clássicos refletir sobre sua posição de dieta. Estava lendo sobre composição de grãos a partir de estudos com grãos avaliados comparando pela matéria seca, grãos cultivados de 160 anos até recentemente. De forma assustadora, até 1960 a composição dos grãos em termos de valores nutricionais referentes a minerais não mudou muito, ficou num patamar constante e estatisticamente a variação não foi significativa. Depois de 1960 entrou em declínio assustador, com tendência a baixar mais ainda sem perspectiva de aumento com a expansão da agricultura. Outro trabalho que li hoje foi sobre a toxina essencial selênio. Sim, toxina essencial. Hoje encaramos os dados da agricultura, fornecidos pelo meu amigo Yamada. Inclusive já sugeri o nome dele para palestras em congressos e nunca consegui colocá-lo num congresso, seja de ortomolecular ou de nutrição. Ele teria uma contribuição imensa. Mas vamos aos dados, o selênio (essencial ao homem)não é essencial a planta. Rigorosamente a planta não usa selênio para suas funções fisiologicas. Quando o selenio está presente na planta é porque ela está presente no solo e é incorporado de forma passiva pela planta, da mesma forma que a planta incorpora, por exemplo, metais tóxicos. Ou seja, solo pobre em selênio, plantas pobres em selenio. Mas o mais interessante é que em solos ricos em selênio é ideal plantar plantas que são ricas em produtos sulfurados, como alho ou mesmo a castanha do Brasil, que tem um alto teor de sulfurados na castanha. Daí incorporam selênio se no solo houver selenio. Estudos na Inglaterra mostram que o selênio em cultivares caiu cerca de 50% nos ultimos 160 anos. Valor considerável, principalmente do final de 1960 até hoje. Foram medidos zinco, ferro, selenio, cobre e magnésio. Todos altamente preocupantes e preocupantemente em declinio desde 1968 nos grãos consumidos.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Triptofano

O triptofano é um aminoácido essencial. Devemos então ingerir este na dieta para manter o equilibrio do corpo. Dentre as funções mais importantes do triptofano eu gosto de destacar a produção de serotonina. Substrato para este o triptofano é absorvido da dieta ou de suplementos, se liga a albumina. Cerca de 60% do triptofano circulante está ligado a albumina, formando um estoque endógeno para distribuição posterior. Isso indica a importancia do mesmo. Bem, há produtos que deslocam esta ligação, como ácidos graxos livres. O triptofano ultrapassa a barreira hemato-encefálica por transportador onde neste mesmo transporte passam valina, leucina, isoleucia, tirosina e fenilalanina. Há uma competição para tanto. Quando eu tenho mais triptofano, mais triptofano entra. Quando eu tenho mais valina, leucina, isoleucina, fenilalanina e tirosina, menos triptofano entra, entrando mais destes aminoácidos. A relação triptofano com estes aminoácidos direciona a entrada de triptofano ao cérebro e consequentemente a produção de serotonina. Uma vez no cérebro, o triptofano sobre ação da triptofano beta hidroxilase que usa a biopterina para hidroxilar o triptofano a 5-hidroxitriptofano. Aí o 5-hidroxitriptofano sobre ação a l-aminoácido aromático descarboxilase, formando a serotonina, tendo como cofator o piridoxal 5-fosfato, que é produzida pela piridoxina com participação de zinco. A serotonina formará melatonina se a luz se ausentar, diminuindo o estimulo inibitorio na produção de melatonina, levando a produção de melatonina, que depende de todo o esquema anterior. Bem, triptofano entra no cérebro e para entrar precisa estar em equilibrio dom bcaa, tirosina e fenilalanina. Mas olha só que legal. BCAA são a maior fonte de glutamato para o cérebro, transaminando cetoglutarato para glutamato no astrócito que leva o glutamato ao neuronio que funciona como neurotransmissor excitatório em receptores n-metil-d-aspartato (NMDA). Equilibra a serotonina que acaba atuando como um neurotransmissor ansiolitico. Mas olha só que legal, fenilalanina e tirosina também fazem parte desse sistema, formando dopamina e norepinefrina. Então o equilibrio de neurotransmissores no cérebro depende da dieta. Porém fenilalanina para tirosina, triptofano para 5-hidroxitriptano dependem de folato e de piridoxina e de zinco. Abordagens metabolicas para melhorar neurotransmissão. Focado nos esquemas de suplementos. Triptofano aumenta a velocidade de recuperação de depressão em pacientes sob medicamento. 5-hidroxitriptofano também, em parte da populaçao o folato também. Na depressão temos inflamação no sistema nervoso central, IL-6 e interferon gama estimulam a indoleamina dioxigenase que desvia o metabolismo de triptofano para kinurenina ou quinolinico. Daí a depressão por si depleta triptofano e consequentemente serotonina. Este caminho pode ser inibido por niacinamida. Então triptofano, folato, zinco, piridoxina, niacinamida seriam produtos para melhorar ação de antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Ambiente

Recebi um convite para falar no congresso internacional de medicina ambiental em Manaus. Bem, espero poder ir, apenas há um impedimento, terei que falar no último dia, se der, pois estarei falando no meu evento em São Paulo sobre ortomolecular. Bem, estudo muito a relação com o ambiente. Em aulas eu sempre cito que o homem é predador de si mesmo, nós somos idiotas sem noção. Poluimos o nosso ambiente de tal forma que temos que conviver com a poluição,e o que é pior... não estamos adaptados a isso. Metais pesados, já falei neste blog, mas nós mesmo jogamos metais pesados no ambiente e depois temos que conviver com ele, e mais, jogamos ao nosso redor. Tintas ricas em chumbo, preservantes de madeira ricos em arsenio, suplementos de cálcio com chumbo, peises do mar com mercúrio, alimentos com metais como niquel, cromo. Há centenas de anos atrás o nivel de chumbo nos ossos dos cadáveres era cinquenta vez menor do que é hoje, e isso tem uma explicação, nós somos a explicação. Porém não é só isso. Há regiões no planeta onde há um excesso de metais tóxicos, por exemplo em Bangladesh há regiões onde o solo é rico em arsenio, naturalmente rico. Daí os que moram na região de solo rico em arsenio tem intoxicação, um exemplo é a pressão arterial, alta na região. Quando o indivíduo muda para outra região sem arsenio no solo, a pressão arterial diminui, se ele retorna, a pressão sobe. Além disso, temos áreas o Brasil ricas em arsenio no solo, e temos o solo de algumas áreas da Amazonia, rica em mercurio. Substancias organicas também devem ser consideradas, bisfenis policlorinados, os famosos PCBs são intoxicantes derivados de plásticos que nós colocamos na nossa dieta. Organofosforados e organoclorados que colocamos em nossos alimentos. Peguem os PCBs que são disruptores endócrinos e podem alterar o metabolismo de receptores de estrógenos. Ou matéria particulada no ar, comum em cidades grandes, partículas de tamanho de 2.5 a 10 micras tem o dom de causar inflamação endotelial e descolamento de placas. Há como atuar? talvez sim, a dieta talvez seja uma boa forma de diminuir a toxicidade ambiental, antioxidantes, estimulantes de enzimas detoxificantes, quelantes de metal tóxico e é lógico, evitar estes contatos. Eu particularmente acho que os PCBs podem ser compensados por flavonas e flavonóides que atuem em receptores beta-estradiol. Omega-3 pode compensar a toxicidade de matéria particulada. Estimulantes de metabolismo como glicosinolatos e isotiocianatos somados a uma dieta adequada podem ajudar a eliminar mais rapidamente os metais tóxicos e substancias organicas nucleofílicas. Há também os medicamentos quelantes, como o EDTA, deferoxamina, penicilamina, n-acetilcisteína, etc. Respiramos, comemos e bebemos substancias indesejáveis. ATé quando comemos um churrasco, aminas heterociclicas entram no nosso corpo e são carcinogenicas. Fugir? difícil. Combater? difícil. Apenas podemos fazer o nosso melhor, mas se voce tem polimorfismo para GST por exemplo, o seu risco será maior.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Omegas-3

Defende-se a ingestão de omega-3 de forma generalizada para o benefício observado dos omegas-3 em saúde humana. Há também uma tendência forte em se trabalhar com os omegas de forma isolada. Bem, lendo sobre isso e somando com uma aula no congresso da SBAF, o que nós observamos é que a conversão de alfa-linolenico (ALA) para eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) é um tanto quanto limitada. Dados indicam que a conversão de ALA para DHA no ser humano é muito baixa, sendo maior na mulher que no homem e este dado bate com a fisiologia da mulher, visto que a conversão de ALA para EPA e EPA para DHA é estimulado pelo estradiol. Porém dados generalizados em humanos mostram que apenas 0,8% do ALA ingerido fornece DHA ao corpo humano. Homens em geral convertem menos que a mulher. Também os mesmos dados indicam que a mulher converte EPA do ALA em no maximo 5% e a conversão para DHA é menor ainda. Há outros interferentes, onde o atópico por deficiencia de atividade de delta-6-desaturase teriam menor conversão ainda. Metabolicamente falando, os ácidos graxos por apresentarem configuração espacial diferente e originarem diferentes moleculas ao sofrerem a ação de enzimas, eu imagino que a suplementação dos ácidos graxos essenciais omega-3 devem ser feitos de forma a se administrar todos. Outro da do que eu as vezes contesto são os suplementos focando DHA, como se o EPA não fosse importante. A conversão de DHA para EPA ocorrem em média em 10%, o que nos leva a imaginar que pouco do DHA fornece EPA no corpo. Daí é fácil prever e imaginar que, quando eu quero omegas especificos devo dar omegas especificos. Outro dado é que, quando um paciente precisa de DHA com certeza ele precisa de EPA.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pele, radicais livres

A pele no decorrer dos anos envelhece como todo corpo, porém por ser o contato com o meio externo, a pele sofre dois tipos de envelhecimento, a senescencia fisiológica, como o nome diz é a senescencia natural do organismo e acompanha a queda de hormonios e a diminuição de telomeros. Outro envelhecimento é o actinico ou induzido pelo meio. Na verdade falamos actinico, mas há outros componentes como o ozonio, a poluição e o cigarro. Bem, quanto ao actinico, fotoprotetores são a primeira opção, mas há um equilibrio bem frágil em nosso corpo onde ocorre uma síntese de matriz extracelular e também uma degradação. Quando jovens, a síntese supera a degradação. Quando atingimos um nivel estático de desenvolvimento, a degradação começa a superar a síntese. É o envelhecimento da pele. Este pode ser acelerado pela radiação ultravioleta. O UVA causa envelhecimento por formação de radicais livres e dano direto a moleculas proteicas, bem como ativação de inflamação e fatores endogenos que estimula a produção de metaloproteinases de matriz que levam a um aumento da degradação. O UVB lesa diretamente as células em sítios onde ocorre dupla de pirimidina, originando dimeros de pirimidina que são marcadores deste efeito. No final das contas, ocorre também dano ao DNA mitocondrial, produção menor de energia, produção menor de matriz e diminuição de procolageno na pele. A soma de ambos, aumento da degradação e diminuição na síntese respondem pelo envelhecimento actinico, que somado a senescencia fisiológica causam rugas. A produção de óxido nitrico pela inflamação, via INOS e a produção de IL-10 via NF-kB levam a imunomodulação que somado aos efeitos no DNA por radicais livres diretamente e pela radiação UVB, aumentam o risco de aparecimento de cancer. Logo, antioxidantes e inibidores de NF-kB e de NO seriam elementos interessantes para uso em fotoprotetores, alguns polifenois tem esta atividade e podem ter esta aplicação, mas diminuir radicais livres pode ser feito pelo aumento do estado redutor da pele. Há dados de polifenois do chá verde, do Polypodium leucotomos, Pinus pinaster e também isoflavonas da soja. Por outro lado, há historia de uso oral de vitamina E, betacaroteno e niacinamida, todos beneficiando a pele. Abordagem endogena somada a exógena parece ser uma ótima abordagem.